terça-feira, 27 de julho de 2010

Creatina ajuda a controlar glicemia em diabéticos
(Portal R7 (Rede Record))

Composto ajuda a combater a doença em conjunto com exercícios físico



A suplementação alimentar de creatina (composto derivado de aminoácidos), aliada a exercícios físicos regulares, melhora o controle glicêmico de pessoas com diabetes do tipo 2.



Pesquisas da Escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo) revelam que a creatina ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue, elevada em diabéticos. A segurança do composto também foi comprovada, pois não foram observadas alterações ou sobrecarga das funções renal e hepática nos diabéticos participantes do estudo.


A diabetes do tipo 2 é caracterizada pela incapacidade das células absorverem glicose da corrente sanguínea, o que é explicado pela resistência do organismo à ação da insulina. As principais indicações médicas para o controle da doença são a prática de atividades físicas e o uso de hipoglicemiantes orais. Bruno Gualano, autor da pesquisa, diz que ambos ajudam a jogar o açúcar para dentro da célula e a creatina pode ter um papel nessa função também".

Os estudos constataram que a suplementação de creatina é mais eficiente no tratamento da doença do que os exercícios praticados isoladamente e tão eficiente quanto à metformina - medicamento mais empregado no tratamento de diabetes do tipo 2. Além disso, Gualano ressalta que a eficácia da creatina foi observada em conjunto às atividades, ou seja, apenas a suplementação de creatina, sem treinamento físico, poderia não resultar em benefícios.

As melhoras observadas se explicam pois a creatina atuou no deslocamento, chamado de translocação, da proteína GLUT-4, diz o pesquisador.


– Ela fica dentro das células. Sua função é se deslocar do interior até a superfície, "pegar" o açúcar que está fora, no sangue, e o transferir para dentro da célula.


Em diabéticos tipo 2, essa função não é realizada em níveis adequados.


– A creatina atuou nesse aspecto, elevando a translocação de GLUT-4 a níveis similares aos observados em pessoas sem a doença.

Proibição

Até o fim de abril, suplementos alimentares de creatina tinham sua comercialização proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pois se alegava que os efeitos nocivos à saúde não eram conhecidos. Mas pesquisas científicas já comprovaram que o composto - produzido naturalmente pelo organismo - não é prejudicial à saúde se ingerido com moderação.

As pesquisas da USP constataram a segurança da creatina. Não houve nenhum tipo de prejuízo à saúde dos pacientes que ingeriram o composto, em doses de cinco gramas por dia, ao longo de três meses. Uma possível sobrecarga das funções renal e hepática também não foi observada, diz o pesquisador.


– Um terço dos pacientes tinha doença renal crônica e mesmo assim não foram constatados problemas ou alterações. O mesmo vale em relação ao fígado. A creatina tem um potencial terapêutico excepcional e pode ser essencial no tratamento de muitas doenças caracterizadas por perdas de força, massa muscular, cognição, massa óssea e sensibilidade à insulina.


As informações são da Agência USP de Notícias.